Cardeal Van Thuân: homem de Esperança, testemunha da Cruz - entrevista ao postulador Waldery Hilgeman

18-09-2020

Falta só o milagre para a beatificação do Cardeal vietnamita, que faleceu em Roma a 16 de Setembro de 2002. Enquanto presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, depois de treze anos preso no seu país.

O cardeal Van Thuân, declarado venerável pelo Papa Francisco a 4 de maio de 2017, depois de encerrada a fase diocesana da causa de beatificação em julho de 2013, será recordado amanhã, às 9h30, na Basílica de Santa Maria in Trastevere, na celebração eucarística presidida pelo Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, enquanto o Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, fará a homilia. O coro da comunidade vietnamita de Roma animará a missa.

Pedimos ao postulador da causa, o advogado Waldery Hilgeman, que nos falasse sobre o cardeal vietnamita, o seu testemunho e a situação da causa de beatificação.

R.- O cardeal Van Thuân era um homem caloroso, uma pessoa feliz, realizada e contente com a sua vocação. Uma pessoa sempre disponível, na simplicidade, para olhar quem estava ao seu lado.

Forjado pela provação da prisão, tornou-se testemunha da esperança.

R.- A esperança é uma das virtudes que mais se adequa ao Cardeal Van Thuân. É um termo recorrente nos seus escritos e nos seus discursos, e certamente a esperança para ele nasce de um profundo amor pela Cruz. Não pode haver esperança para um cristão se não estiver ancorada em Cristo, precisamente na Cruz.

Van Thuân desperta na prisão, quando decide não viver esperando o fim da sua detenção, mas sim viver no presente

R.- Desde a infância, Van Thuân foi educado na esperança cristã. Certamente com o passar dos anos e com o crescimento, assume uma consciência diferente, uma maturidade diferente. É evidente que durante o período que passou na prisão, na solidão, alcançou uma intimidade mais profunda com Deus e, portanto, um amadurecimento diferente.

Hoje qual é o testemunho que o cardeal dá com a sua vida e com o qual enfrentou o sofrimento?

R.- Se eu pensar na experiência que todos nós tivemos recentemente com o coronavírus, acho que o Cardeal Van Thuân tem muito a ajudar-nos. Penso no Papa Francisco ali, naquela praça vazia, com aquele crucifixo debaixo de chuva (...) Van Thuân é uma pessoa que desde a Cruz, desde a solidão, sempre soube transmitir a esperança ao irmão. Ele mesmo disse que não devemos ter só e exclusivamente fé, mas devemos ter esperança também nas outras pessoas, no sentido de que essas pessoas podem ser convertidas por Deus e assim mudar o coração e mudar para o bem. De certa forma, isso está ligado também ao tema central do magistério do Papa Francisco, que na encíclica Laudato si sobre o cuidado da casa comum convida-nos a uma ecologia integral. Estamos todos interligados, então nós, irmãos, não podemos viver uns sem os outros. E Van Thuân estava convencido disto: para ele a esperança também estava no irmão, significava transmitir a fé ao irmão, era estar com o irmão.

Irmãos também eram os guardas da prisão, aos quais dizia: "Amo-vos porque Jesus me ensinou". E então ele converteu-os.

R.- Van Thuân amava a todos. Ele não fazia distinção entre perseguidores e amigos: todos eram filhos de Deus que ele era chamado a amar. E ele fez isso sem hesitar.

Ele era, portanto, um homem, manso, atencioso com os outros. Mas antes de ser preso, como bispo, quem o conheceu descreveu-o como uma pessoa muito dinâmica.

R.- Era. Onde quer que ele estivesse, era lá que Deus o chamava para ser testemunha da fé, para ser apóstolo, não deixando de sê-lo mesmo em condições de limitação máxima da sua liberdade como o contexto da prisão. Também ali continuou o seu trabalho como sacerdote e bispo. Evangelizou, fez amizades, cantou, ensinou, procurou sempre ser fiel ao chamamento que recebera de Deus para ser sacerdote.

Diante de todas estas evidências, o que falta para chamá-lo de Beato?

R.- Falta um milagre. Recebemos no ofício da Postulação diversos relatórios, os quais são todos tidos em consideração, aprofundados e também passados ​​aos especialistas para pareceres técnicos. Então, tecnicamente, falta o milagre exigido pela Igreja com suas características específicas.

Houve um caso em Buenos Aires.

R.- São muitos os casos, vão de um continente a outro. Infelizmente, até ao momento, não foi relatado nenhum caso que atendesse aos critérios exigidos pela Igreja para ser reconhecido como milagre. Mas certamente são sinais de que o cardeal intercede pelas nossas necessidades.

Entrevista: Alessandro Di Bussolo, Vatican News (https://www.vaticannews.va/it/vaticano/news/2020-09/cardinale-van-thuan-vietnam-beatificazione-postulatore-speranza.html, em italiano)

Tradução: Pe. Marco Luís, vice-postulador da causa de beatificação e canonização do Venerável Cardeal Van Thuân 




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